"All the love gone bad, turned my world to black,
Tattoed all I see, all I am,
All I'll be..."
Pearl Jam - 'Black' - Ten - 1994
Eu sou uma pessoa para lá de complicada. Há umas boas semanas que estou figuradamente a caminhar sobre vidro e a dar cabo do juízo dos que me são mais próximos e tudo na antecipação de algo que ainda nem sequer aconteceu (e pode nem vir a acontecer, ou acontecer mas só daqui por uns meses ou anos, ou acontecer mesmo e já amanhã, embora esta última opção seja praticamente impossível).
Ele, o N., já me disse mais do que uma vez que me conhece melhor que ninguém e melhor que eu própria (presunção ou realidade?) e que eu preciso rapidamente de ligar o descomplicómetro (algo que lhe é inato mas é uma característica que se deve ter escapado na minha síntese de DNA, já que acho que não os há aqui pelos meus lados). Há dias, conversávamos e eu consegui ligar o descomplicómetro, ainda que por breves minutos. Disse aquilo que sentia e que acho que quero retirar desta situação. Ele aconselhou calma, auto-controlo e acima de tudo nada de expectativas.
E é esse o centro de tudo. As expectativas. As que crio, as que já criei e as que ainda poderei a vir criar com o desenvolver da situação.
A última vez que criei expectativas em relação a algo (ou a alguém) magoei-me e não foi pouco. Creio que também foi por as ter criado muito rápido, rápido demais como me apontaram uma vez. E tenho medo, um medo de morte, que essas expectativas falhadas que ainda hoje me perseguem (é capaz de haver ainda cerca de 20% de mim que pensa "Será que...?") me tenham estragado para sempre e que agora, apesar de continuar a criá-las - quem é que está numa situação assim e não o faz? -, inconscientemente me obrigue a mim própria a desfazê-las sendo que o caminho mais rápido para isso é o afastamento. Por isso, tenho uma pequena voz no interior que me grita, há semanas "Foge daqui", "Afasta-te disto", "Não te deixes apanhar" e pensamentos semelhantes.
O problema é que, como lhe admiti, ao N., na nossa conversa do outro dia, não quero fugir, nem afastar-me, quero deixar-me apanhar (se me quiserem apanhar, bem entendidos)... Só que toda a bagagem que levo porque a carregarei comigo sempre e que é totalmente desconhecida por quem de interesse, é algo que condicionará tudo. E um dia, se tudo andar sobre rodas, terei de a expor. E ou quebro uma promessa, ou arruino a minha mais próxima (e possível mas não segura) felicidade.
Não estou parada, estou a andar devagar, devagarinho. A dar passinhos de bebé. Mas tudo será diferente quando os passinhos deixarem de ser de bebé e passarem a ser de adulto (se lá chegarmos).
(Isto faz tudo um sentido espectacular, não é? Pois, eu sei. Eu sou complicada, eu avisei...Não me conheço tão bem como o N. diz que ele próprio conhece, mas há detalhes tão flagrantemente gritantes que até um cego consegue ver.)
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