Sunday, May 3

Já tinha ouvido esta expressão variadíssimas vezes mas foi só a partir daquela altura que realmente encaixei o que é que queria dizer. Foi quando me apaixonei pela primeira vez à séria, já lá vão cinco, seis anos. Com treze anos, eu era uma miúdinha parva e irritante, com ares de betinha (e parecia um trambolho... a sério. Agora ainda sou um bocado, então na altura era um horror!). Ele era meu colega de turma e o completo oposto de mim e isso, a certa altura, fez-me confusão. Comentei com alguém, já não me lembro quem, o facto de não termos nada a ver um com o outro e esse alguém respondeu-me "Nunca ouviste dizer que os opostos se atraem?".
Agora, olhando para trás, acho que foi desde aí que comecei a ganhar um pó a esta expressão que faz com que fique com os nervos em franja quando se saem com esta conversa para cima de mim.
O Filipe, o tal colega, era e ainda é, o completo oposto de mim. Na altura, estava apaixonadíssima e levei com uma tampa do tamanho do mundo. Custou-me, doeu-me, magoou-me e demorou anos a passar... Daí até às paixões seguintes, foram quatro anos. E hoje sei que se tivesse dado alguma coisa na altura, tinha sido sol de pouca dura não só porque éramos uns putos parvos mas também porque agora sei que, pelo menos para mim, essa teoria que diz que os opostos se atraem é inconcebível.
A pessoa que vou escolher para estar ao meu lado não pode ser o meu oposto. Nunca, jamais, em tempo algum... Ok, pronto, escolher é capaz de não ser o melhor verbo porque (lá está, outra frase-feita) nós não escolhemos de quem gostamos. Reformulando: não me vejo a ser atraída para uma pessoa que seja o meu oposto. Quando muito, sou repelida por uma pessoa assim, não atraída. As duas pessoas que se seguiram ao Filipe, já não eram assim tão díspares de mim, pelo contrário até. Tenho vindo a atinar.
Quero, e preciso, de alguém que compreenda os meus gostos, ditos esquisitos, e que tenha gostos parecidos. Que goste de metal, instrumental e progressivo e que aceite os meus desvarios musicais e a minha voz terrível mas que eu não consigo conter quando estou a ouvir música. Que prefira filmes com conteúdo e que fazem pensar e sentir a comédias românticas cheias de clichés e filmes de acção carregados de efeitos especiais supersónicos do primeiro ao último segundo. Que goste de desporto, de fotografia, de concertos e de ler. Que de vez em quando abdique de uma noite de borga com os amigos para estar comigo, nem que seja repimpado no sofá a fazer zapping. Que, como eu, prefira andar pelo Bairro Alto em vez de se ir fechar numa discoteca. Que eu possa levar às compras, assim uma vez por outra, sem reclamar que são coisas de gaja e que eu sou uma chata a ver as lojas. Que me dê o apoio que preciso às vezes, porque desanimo muito facilmente, assim como lhe darei o apoio a ele naquilo que for preciso. Que me oiça e me abrace e me seque as lágrimas naqueles dias em que estou, literalmente, de manhã à noite com uma vontade sobre humana de falar e de chorar e depois acabo por fazer as duas coisas ao mesmo tempo e deixo de fazer sentido (normalmente, já faço pouco sentido mas pronto... nessas alturas fico ainda pior, acreditem). Que me faça sorrir e rir às gargalhadas. Que me leve a passear, à praia ou onde quer que seja. Que tenha a mesma disposição quer marquemos férias em Praga ou na República Dominicana. Que me dê os puxões de orelhas muito merecidos quando descarregar o meu mau feitio em cima dele e me ajude a contornar esse meu defeito. Que me dê beijos e abraços carinhosos, que me dê a mão e adormeça bem pertinho de mim. Que lute por mim quando eu não sei o que quero da minha vida e me ponho com as minhas inseguranças e medos crónicos (já não há volta a dar, já fazem parte de mim) e que me conte tudo, o bom e o mau, para que não haja surpresas. Que me faça sentir especial, única mesmo, e uma parte importante da vida dele como ele é da minha.
Sou um pólo negativo e preciso de outro pólo negativo para me completar. Um dos príncipios da Matemática que aprendi há montes de tempo e que nunca mais esqueci foi que a multiplicação de dois sinais negativos dá um sinal positivo... e comigo, é assim. Só pode ser assim.

4 comments:

  1. Alexandra, no dia 3 de Março publiquei três textos. Vai lá ao meu estaminé ver o que eu publiquei em primeiro lugar, e que aparece, claro, por último e pasma: o conflito de gerações não existe.
    Beijos

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  2. Gostei muito deste teu post!!
    Penso de forma muito idêntica, no entanto com tantos gostos parecidos devo dizer que adoro comédias românticas, mesmo adorando filmes com conteúdo...

    ;)

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  3. É tudo uma questão de compatibilidade. Ter gostos idênticos, pode até provocar nauseas e cansaço. Da mesma forma, como tu bem o disseste, ser completamente diferente pode dar mt para o torto. É uma questão de independentemente dos gostos e forma de ser... sejam compativeis. =)

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  4. Olha miuda (e não entendas o "miuda" no sentido depreciativo, eu chamo miuda até a gajas mais velhas que eu!!)...revi-me no que escreveste! Não só por me lembrar do que sentia quando tinha a tua idade, mas porque muita coisa se continua a aplicar no presente!
    E como já vi que também gostas do tio David (Fonseca): Smile on, Hang on! ;)

    Bjs

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I've rambled. Now, it's your turn.