Sunday, April 24

(Duas semanas demorei eu a escrever e terminar este post. E saiu esta porcariazinha porque não posso dar mais de mim ainda. Está giro, isto...)

"É como ouvir alguém dizer vê nessa procura uma razão para virar a dor para dentro."

Ornatos Violeta - "Fim da Canção" - O Monstro Precisa de Amigos - 1999

Há cerca de três meses, quem se atrevesse a dizer que a dor ia passar num instante e que o mundo ia dar a volta no sentido certo, arriscava-se a levar um murro na trombinha. Na minha cabeça, tão limitada que ela é às vezes, era impossível, impensável e impronunciável que tal acontecesse. E enfureci-me que o que para mim era tão óbvio e claramente mentira, fosse tão simples e linear para os outros.
A verdade é que, semanas mais tarde e completamente out of nowhere, o mundo começou a dar a volta. Devagar, devagarinho, que esta pele que nasceu para tapar as feridas ainda é muito recente e fininha e com qualquer golpezinho rasga-se de novo. Devagar, devagarinho que é para prevenir passos em falso. Devagar, devagarinho, mas o mundo está a mover-se. A dor começou a atenuar-se, não a desaparecer porque de quando em vez ainda há por aqui um abanão qualquer que a traz ao de cima outra vez (a cabra!), porque apareceu algo que a mascara.
A minha cabeça grita-me "Get the hell out of here." porque ainda tem bem presente o que se passou da última vez que um sorriso assim se tinha cruzado com os meus olhos. O coração (onde quer que ele esteja que eu já há uns seis meses que o perdi de vista) sente-se que também diz "O que é que estás a fazer, oh minha estúpida?" porque acha que a minha memória só pode ser muito limitada para me estar a deixar envolver outra vez pela mesma conjugação de factores, de pontos em comum; outra vez e tão próximo, parece que não aprendi nada.
Estou aqui no meio à espera que qualquer coisa de bom me apareça aqui no meio, me caia do céu ou de outro lado qualquer e tenho este pequenino feeling que não me larga e que grita altíssimo o que espero e desejo é completamente pointless. Mas apesar disso, esta foi a razão que me caiu nas mãos para virar a dor para dentro. E já era (mais que) altura.

"No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro."

1 comment:

  1. Gostei muito do que escreveste, ou melhor, da forma como escreveste pois a dor inerente ao texto eu conheço e não é nada agradável.

    À medida que fui lendo as tuas palavras veio-me à memória um episódio de Anatomia de Grey, na qual é estabelecida uma comparação entre a recuperação de um desgosto amoroso e a recuperação de uma intervenção cirúrgica...

    Aproveitando a dica, espero que saias rapidamente do recobro! ;)

    Beijinho

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