'Foi como entrar, foi como arder,
Para ti nem foi viver,
Foi mudar o mundo sem pensar em mim.
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim.'
Ornatos Violeta - 'Chaga' - O Monstro Precisa de Amigos - 1999
Em qualquer relacionamento, há sempre um ponto alto, um expoente máximo a seguir ao qual muitas vezes se inicia todo um rol de acontecimentos que vem a ditar o fim do tal relacionamento. Contigo sei perfeitamente quando é que isso aconteceu e penso que tu também o saberás.
A nossa amizade já está morta e enterrada há muito tempo, sabes bem. Eu deixei-me ir, perdi o interesse, e aquilo que tenho vindo a descobrir sobre ti nos últimos tempos nada tem feito para que eu possa re-descobrir o interesse que tinha em ti, que tive durante um par de anos. Não te reconheço neste momento. Tens te revelado na tua essência, revelado os podres que sempre estiveram dentro de ti e que eu, por estupidez ou por distracção, nunca tinha tomado consciência que existiam.
Há umas semanas bateste no fundo, deves ter plena noção disso. Não te confrontei ainda porque não me compete e nestes últimos meses mudei muito a minha maneira de lidar com as coisas e perdi um pouco do meu carácter intempestivo. Graças a muita gente que me ajudou quando eu caí, onde é que tu estavas já agora?, sou uma pessoa diferente. E além disso, nem dois palmos de cara tens que mereçam a minha força, visto que nunca a demonstras, sempre te escondeste atrás de quem mais te convém.
Seja como for, some things never change e a minha memória continua imperturbável, como sempre. Quando caíres, e sei que isso vai acontecer e esse dia não estará tão longe de chegar quanto isso, eu vou estar lá. Não para fazer aquilo que não fizeste comigo e ajudar-te a levantar, para isso não contes comigo. Há um limite de cinismo e de coisas que permito que me façam. Sabes que sou assim, sempre fui e sempre o serei. É um dos meus defeitos mas nesse dia será uma das minhas qualidades.
Neste momento, tenho aquilo que te deveria ter sido mais precioso, que tu traíste sem pensar nas consequências e que te virá a fazer muita falta no futuro. Sabes bem disso, até te sentiste ameaçada por mim. Estou em sentido ascendente, embora por vezes me custe a acreditar nisso. Tu estás no sentido oposto e um dia vais-te aperceber de todos os erros que cometeste.
Mas nessa altura minha querida, já virás tarde. Porque a tua chaga, pelo menos em mim, já foi tratada e curada. Cicatrizou rapidamente, ao contrário das tuas outras homónimas (sinceramente, embirro com Vanessas e nunca nenhuma me fez mal algum; devia embirrar era com estas, que já vou na terceira, porra!) que já me pregaram também partidas semelhantes à tua e demoraram muito mais a sarar, e agora apenas deixou uma pequenina marca. Marca essa que cá irá ficar, quanto mais não seja para me lembrar dos erros que já cometi, para não os repetir. Uma chaga para me lembrar que houve um fim. Um fim que já passou. Um livro em que hoje ponho um ponto final e fecho. Para nunca mais abrir.
(Já não destilo mais veneno nos tempos mais próximos, prometo. Esta estava aqui guardada há algum tempo, já era tempo de sair...)
não vale a pena guardar certas coisas cá dentro. só nos moem a cabeça. só nos envelhecem. e nós não queremos ficar já cheias de rugas.
ReplyDeletexôoooooo! xô lá para o fundo dos fundinhos, que é bem longe do pé de nós!
essas chagas têm que ser muito bem exorcizadas.
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