[Duas semanas depois, já não é irritação mas também é ainda felicidade. Essa depende directamente de menos de meia dúzia de números, números esses que vão demorar duas a três semanas ainda a revelarem-se. É bom que esses números sejam acima do dez porque eu sei, bem cá-no-fundinho que não estou, nem vou estar tão cedo, nem um mínimo dos mínimos preparada para que se interponha aqui uma distância destas. Centenas de quilómetros. Uma porcaria de um avião pelo meio. Não dá, não funciona, não é suportável.
Sei que depois de descobrir que ao fim de três meses de me mentalizar que nunca iria ser mais nada a não ser aquilo que já era há muito, afinal posso vir a sê-lo, afinal houve aí qualquer coisa que apareceu, ou que cedeu ou que simplesmente aconteceu de uma maneira que eu não sei mas que é importante e que pode não vir a ter a oportunidade de se transmitir cá para fora. Não estou preparada, nem pouco mais ou menos.
Não estou preparada para te ver entrar num avião e não saber quando é a data do regresso. Não estou preparada para passar nos corredores e não haver hipótese de nos cruzarmos, para deixar de receber beijinhos na testa e festas no cabelo, para não poder completar a minha cultura cinematográfica contigo (que tem imensas lacunas ainda, mas que já preenchi algumas e que em parte foi graças a ti). Não estou preparada para o monte de saudades que se vai abater sobre o meu metro e setenta e seis e sei que apesar de ser alta e não muito fraquinha, não me vou aguentar com o seu peso. Porque já passei por isto, já sei como é.
É como se me pusessem o teu corpo vinte e quatro vezes em cima e, ao mesmo tempo, me exigissem que o segurasse intacto enquanto me partiam as pernas pelos joelhos e me mandavam de um precipício abaixo.
Não quero sequer equacionar a hipótese da próxima viagem ser a última. Não quero ponderar sequer o ter de destruir o que nós temos (e tudo o que já houve, incluindo a amizade) por um motivo tão estúpido como uma palavra de nove letras.
Se isso acontecer, vou-me abaixo como um castelo de cartas construído sobre um fósforo e sei que vai ser um automático adeus ao pensamento de acabar o curso este ano, porque a cabeça vai destabilizar (and I've been there before too), mais ainda do que estava quando apareceste.
Por isso, por favor, para que existam mais noites quase-perfeitas como a última (e para que existam também ainda outras mais perfeitas que a de ontem), para que as mãos fiquem sempre dadas e o sorriso se mantenha a cada palavra mais "característica", para que fiques sempre como alguém que não é "igual a ninguém do teu passado", esforça-te. Ao máximo. Mesmo que não durmas, não saias, não comas e eu não te veja.
Ultrapassa. Fica cá.
Para que nunca sejas simplesmente another "somebody that I used to know".]
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I've rambled. Now, it's your turn.