Tuesday, November 13

Fanatismo ou Amor à Camisola?

Quase toda a gente que me conhece sabe do meu grande amor por essa equipa que dá pelo nome de Sporting Clube de Portugal, e por tudo o que a mesma representa. Vou a todos os jogos em Alvalade (não vou aos outros porque não posso), acompanho os jogos fora pela TV ou rádio, etc.
Para além disto, também sou adepta de Futebol em geral. Gosto, pronto. Adoro jogar futebol, ver, discutir e por aí fora...
Mas se há algo que não sou capaz de compreender nem aceitar é o comportamento de certas pessoas, não só em estádios, como fora deles. Tá bem que o ambiente que se vive no interior de uma claque durante um jogo de futebol até pode ser muito bonito (não gostei particularmente da experiência) e isso tudo, mas qual é a piada de pagar, e não é pouco, por um bilhete para passar 90 minutos a insultar a equipa adversária e/ou a equipa de arbitragem?
Não me interpretem mal... eu até chamo isto e aquilo ao árbitro e aos outros se for preciso, mas não passo o jogo inteiro nisso! Longe disso! Estou mais preocupada em ver as jogadas, vibrar com os golos, armar me em 'treinadora de bancada'... Em suma, em apreciar o espectáculo!
Porque, para mim, é isto que o futebol é. Um espectáculo... não um negócio e muito menos algo que valha a pena morrer por. Por isso, para mim, é inadmissível e ultrapassa as minhas capacidades de entendimento como é que continuam a ocorrer incidentes, como aquele em Itália, no Lazio-Inter (salvo erro!)... Tantos, mas tantos incidentes e para quê? O Homem é tão evoluído numas coisas e tão rudimentar e retardado noutras... Sinceramente.
Assim, hoje, ao ler o que esse grande Senhor que é Clarence Seedorf disse, relativamente aos ditos incidentes, fiquei muito contente: pelos vistos não sou a única que pensa assim... E ainda bem! ;)

"A perspicácia de Seedorf em morte alheia ao futebol"

Clarence Seedorf, um dos mais sensíveis futebolistas do campeonato italiano, um dos poucos jogadores de futebol com preocupações sociais, recusou-se no domingo a usar a braçadeira negra em sinal de luto pela morte de Gabriele Sandri, "tifoso" laziale atingido inadvertidamente por um polícia após uma rixa numa estação de serviço perto de Arezzo. Não foi despeito do holandês, não foi sequer uma provocação aos ultras da Atalanta, que forçaram a interrupção do jogo com o Milan através de uma tentativa de invasão de campo. "Isto não tem nada a ver com o futebol", disse Seedorf após os sete minutos que se jogaram em Bergamo. Os incidentes que se seguiram, já de noite, sobretudo em Roma, deram-lhe razão.
(...)
Vão multiplicar-se as análises sociológicas. Umas condenarão a doença do futebol, as claques, ignorando mesmo que aqui não houve claques: houve, sim, dois grupos de amigos que acham natural insultarem-se e seguir com a sua vida simplesmente porque adoram emblemas diferentes. Outras virar-se-ão para o lado do polícia e da facilidade com que os agentes da autoridade disparam, da falta de respeito que isso implica pela vida alheia. Têm todos razão. Num Mundo onde o ódio ganha espaço, cada vez mais a polícia dispara primeiro e pergunta depois. Ao mesmo tempo, a cultura desse ódio já é tão natural no futebol que os adeptos se insultam como noutros tempos diziam "Bom Dia". Diminuem o outro em vez de enaltecerem as suas cores. Por isso, por muito que queiram convencer-me do contrário, creio que as tentativas de invasão de campo, de assalto a esquadras e à sede do Comité Olímpico Italiano por bandos de "ultras" não foram a favor de Gabriele. Foram, isso sim, contra a polícia, contra os dirigentes, contra todos os que mandam em alguma coisa e por isso podem ser responsabilizados por tudo o que nos corre mal. Se não se importarem, prefiro a versão de Seedorf: isto já não tem nada a ver com o futebol - é um mal social. "
(Crónica de António Tadeia, em 'O JOGO')


A solução passa por combater este mal social e não por condenar o Futebol e aqueles que o praticam (alguns honestamente, outros não, como em tudo na vida), cujo empenho, dedicação (devoção e glória! :D) é totalmente alheio ao triste espectáculo que se dá fora das quatro linhas.

2 comments:

  1. Sobre isto, todas as palavras me foram tiradas da boca. Partilho exactamente da mesma opinião. Já somos três!

    ReplyDelete

I've rambled. Now, it's your turn.