Saturday, January 15

Dos Ornatos Violeta

Em 1999, eu nem sequer ligava a música. Ouvia tudo aquilo que me pusessem a ouvir, aliás já falei de como cheguei em parte àquilo que oiço hoje em dia neste post, aqui há uns anos. Em 1999, era lançado aquele que na minha opinião (que vale o que vale, tendo em conta que cada um pensa aquilo que bem lhe apetece) é o melhor álbum de música em Português de sempre. Chama-se O Monstro Precisa de Amigos e é dos (grandes) Ornatos Violeta. Claro que, com nove anos, eu desconhecia por completo quem eram estes gajos. Aliás, acho que a primeira vez que ouvi algo deles foi aos catorze ou quinze anos, ou seja muito tempo mais tarde, já eles tinham acabado de vez. E desde essa altura que fiquei com uma pena enorme de nunca poder vir a assistir a um concerto deles.
No ano passado, por causa do rapaz que concorreu aos Ídolos e que se meteu a cantar uma música deles, ficou tudo aí-que-a-música-é-linda-e-ele-também-aí-gosto-tanto-dos-Ornatos!, coisa que até gerou a criação de uma página no Facebook (que é óptimo para estas coisas) que dizia "Os Ornatos já existiam antes do Ídolos. E eu já era fã!". No mínimo apropriado, digo eu.
Ora bem, mas falava-vos eu do Monstro, que ando há uns dias a ouvir repetidamente. O Monstro é daqueles álbuns que fica para sempre. O Manel Cruz é um autêntico mestre da nossa língua por uma razão muito simples: não é fácil escrever boas letras em português. Há por aí tanto bom exemplo de letras foleiras na nossa língua que o Manel Cruz se distingue a quilómetros. Este homem tem a capacidade de escrever sobre sentimentos e tudo o mais e soar bem. E fazer as pessoas identificarem-se com aquilo que a canção nos está a dizer.
O Monstro tem treze músicas, todas elas escritas pelo Manel Cruz. No meio das treze, a Ouvi Dizer (a tal que toda a gente conhece por causa do Filipe dos Ídolos) é apenas mais uma. Foi a que me despertou a atenção a princípio, porque também foi a primeira que ouvi já lá vão uns seis anos. Mas prestando mais atenção, há outras boas, tão boas, tão geniais. A poesia do Manel é incomparável e o Monstro deveria ser uma referência para qualquer pessoa que retire prazer de ouvir ou fazer música. Letras como as de Dia Mau, Capitão Romance, Deixa Morrer e Fim da Canção são geniais. Diz quem viu, que eu já não fui a tempo, que a presença de palco destes senhores era admirável.
O Monstro acaba com a Fim da Canção. E acaba (e acabo eu também este texto) assim:
"Eu vou dizer até me ouvir,
A dor chegou para ficar
Eu vou parar quando eu sentir
Não haver motivo para negar
É como ouvir alguém dizer
Vê nessa procura uma razão
Pra virar o dor para dentro
Que é virar o amor para dentro
Falo de um amar para dentro
Que é virar a dor para dentro.

Chegámos ao fim da canção
e paro um pouco para dormir."

3 comments:

  1. Concordo!!
    Mas atenção que o "Cão" também tem músicas e letras fantásticas!

    ;)

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  2. Caríssimo Gajo

    Não desfazendo o "Cão", o Monstro será sempre o Monstro. Tenho uma ligação muito forte com este álbum, diz-me muito.
    Mas a escrita do Manel é no geral genial. :)

    (E a tua também. Tens é escrito pouquinho...!)

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  3. chaga <3

    ai como adoro esse álbum!

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