Sunday, February 27

Road to the Oscars 2011 - Step #6

127 Hours é um daqueles filmes que deveria ser visto e revisto por toda a gente. É um daqueles que nos toca cá dentro, que nos impressiona, que nos ensina algo importante. É daqueles a que é impossível ficar indiferente.
Para começar, temos a história. James Franco (que está brilhante neste papel) é Aron Ralston, um americano que em Abril de 2003 ficou preso no meio do Blue John Canyon no estado do Utah durante cinco dias (aliás, 127 horas).
Preso no meio do deserto, sem comida, sem água, sem forma de comunicar e sem ter dito a alguém onde é que ia, Aron luta para sair daquela situação terrível com vida; luta para libertar a sua mão direita que está presa entre duas rochas. Luta durante 127 horas. Sozinho. Ainda que tenha que chegar a um extremo para se conseguir libertar, com uma coragem e força notáveis, ao qual muitos não chegariam, Aron sobrevive.
Esta história verídica, tão bem passada para a tela pelo Danny Boyle (realizador de Slumdog Millionaire), contagiou-me, comoveu-me e apaixonou-me.
A nível de cenário e fotografia para mim, este é o melhor filme dos dez nomeados. O James Franco está brilhante, brilhante, e não fosse o Colin Firth também estar muito bem no The King's Speech e já ser um repetente a nível de nomeações, era ao James que eu entregava o troféu. O filme vive às suas custas, uma vez que ele é o protagonista e praticamente a personagem única que nos acompanha ao longo de cerca de hora e meia.
Foi ele que me agarrou a este 127 Hours e me elevou para um outro mundo, que me sufocou com a luta terrível que deve ser estar cinco dias fechado no espaço tão pequeno, com a mão presa e praticamente sem esperança de ver algo ou alguém vir em nosso auxílio.

127 Hours cortou-me a respiração por completo e é, para mim e a par de Black Swan, o melhor filme do ano.
[E fez-me tanto, mas tanto lembrar do Into the Wild...]


Chegados à noite da cerimónia, ficam assim dois dos dez nomeados por ver: The Fighter e Winter's Bone. Talvez nos próximos dias os veja, se conseguir. Também foram à partida, desde sempre, os que menos interesse me despertaram.

Road to the Oscars 2011 - Step #5

O escolhido desta noite de sábado foi um dos que é apelidado como grande candidato e aquele que pôs montes de gente em alvoroço por ser sobre o criador do Facebook, que quer queiramos quer não, se tornou parte integrante da nossa vida nos últimos tempos.
The Social Network tem um óptimo argumento escrito pelo Aaron Sorkin (responsável pelas grandes séries The West Wing e Studio 60 in the Sunset Strip) que nos traz a história por detrás do fenómeno Facebook e de como dois amigos criaram esta rede social, num dormitório de uma faculdade americana.
A questão que se levanta aqui é: porquê tanta nomeação para isto? É um filme interessante, sim, mas daí a ter nomeações para Melhor Filme, Melhor Actor e Melhor Realizador, por exemplo, ainda vai uma grande, grande distância. Quando comparado com a concorrência, The Social Network não é nada assim de se encher o olho, que justifique todas as nomeações. A título de exemplo, acho um pouco ridículo colocar-se o Jesse Eisenberg ao nível dos restantes nomeados para Melhor Actor.
Nem o David Fincher não teve assim nenhuma realização maravilhosa neste filme (ao contrário, e isso sim, daquilo que fez em Fight Club e Se7en, dois dos meus filmes preferidos)que o faça merecer o troféu.

Tanto alarido em volta deste filme e depois de o ver fico assim um bocado... meh!

Faltam três filmes e a cerimónia é já esta noite... Espero conseguir, pelo menos, ver 127 Hours durante a tarde de domingo. Dos três restantes, é o único que faço mesmo questão de ver, o mais rápido possível. James Franco, gosto muito de ti rapaz, por isso vê lá se me surpreendes! :)

Saturday, February 26

Dracula Family #16

[Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz - Monte da Caparica - 25.02.2011]

Thursday, February 24

Eu: "Oh professor, posso-lhe fazer uma pergunta?"
Professor que nos uma cadeira que eu tenho que repetir este semestre: "Desde que não seja de natureza sexual, pode."
Eu, armada em engraçada: "Não, não. Tem a ver com a sua cadeira, que é muito mais interessante!"
Professor: "O quê? Desculpe? Está maluca?"
Eu: "Oh professor, estava a brincar..."
Professor: "Ah bom. Pergunte lá então."

No dia seguinte, num dos elevadores que liga os Laboratórios de Investigação ao edifício principal, estava eu, uma amiga minha e o tal professor.

Eu, baixinho: "Oh Cláudia, onde é que vamos?"
Professor: "Eu podia mandá-la a muitos sítios mas carregue no 1."

Piadinhas pagam-se com piadinhas. Está bem então. Ficamos assim.

Wednesday, February 23

Road to the Oscars 2011 - Step #4

E mais um que está despachado. Ficam a faltar só mais quatro.
Este True Grit dos irmãos Joel e Ethan Cohen é o remake do filme de 1969 que valeu o Óscar de Melhor Actor a John Wayne. Valerá também o segundo Óscar consecutivo ao grande Jeff Bridges? Tenho as minhas dúvidas porque a concorrência é enorme e acho que o Colin Firth (que perdeu o troféu para o Jeff no ano passado) desta vez vai levá-lo para casa. Embora o Jeff Bridges esteja muito bem a desempenhar o US Marshall Rooster Cogburn.
Quanto à Hailee Steinfeld, essa sim traz-nos um novo fôlego na corrida a Melhor Actriz Secundária, com a sua Mattie Ross e é bem capaz de roubar o troféuzinho à Helena Bonham-Carter.
Quanto ao Matt Damon, tenho a dizer que está gordo que nem um texugo.
Quatro filmes em quatro dias. Let's go.

(Note to self: não é fácil ver westerns sem legendas. Passei o filme todo a tentar descodificar o que o Jeff Bridges dizia já que o homem parece que fala com bocados de miolo de pão na boca. Para a próxima, vou ver ao cinema.
Ah, e tenho de ver o The Big Lebowski o mais depressa possível.)

Tuesday, February 22

[Ele apareceu no sítio mais improvável e quando eu menos esperava. Ele era tudo aquilo que se pode classificar com a expressão 'out of my league'. Ele era giro, simpático, bem-educado e com bom gosto. Ele deixou-me sem sentir o chão debaixo dos pés quase instantaneamente. Ele, pela primeira vez na vida, levou-me a arriscar algo em nome de um interesse meu. Ele fez-me aprender que às vezes dois certos podem fazer um errado. Ele foi o primeiro. Ele nunca chegou a ouvir metade daquilo que eu precisava de lhe ter dito para ter a minha paz de espírito com a questão. Ele não me vê há um ano e meio e não fala comigo há meses. Ele não sabe que me atravessou como se fosse um furacão e que os destroços que deixou demoraram uma eternidade limpar e reconstruir. Ele devia ter sido a pessoa pela qual eu devia ter lutado mais, mas não o fiz. Ele fez-me alterar por completo o plano de como seria a minha ida para a Universidade, que tinha delineado cerca de dois anos antes de o conhecer, e largar tudo. Ele nunca se apercebeu disso ou então, fez de conta que não e manteve sempre o silêncio em relação ao assunto.
Ele nunca teve noção do impacto que me causou. E causa. E nunca irá ter.]

Friends Will Be Friends

"Got a pain in the chest
Doctor's on strike,
What you need is a rest.

It's not easy love but you've got friends you can trust
Friends will be friends
When you're in need of love, they give you care and attention
Friends will be friends
When you're through with life and all hope is lost,
Hold out your hands cause friends will be friends
Right till the end"
Queen - 'Friends Will Be Friends' - A Kind of Magic - 1986


Este Verão de 2010 foi o melhor de sempre. Foram cinco dias de Agosto passados na praia da Manta Rota, a torrar ao sol, a fazer noitadas na praia, a jogar matraquilhos, a mandar abaixo imperiais, Martini, caipirinhas, Moscatel (enfim, foi uma má semana para o meu fígado, digamos assim). O Grupinho Maravilha reuniu-se e rumou ao Algarve (isto de ter amigos com casas no Sul é bom) onde cinco pessoas passaram uma semana totalmente zen.

Desde essa altura, o Grupinho Maravilha só se voltou a reunir por completo uma vez, em Dezembro, no aniversário do rapaz de camisa preta da fotografia.
Sábado à noite, temos saída. Sábado à noite, vou descontrair da minha primeira semana de aulas. Sábado à noite, vou beber um Martini com gelo e limão em memória dos tempos da Manta Rota. Sábado à noite, vou abraçar o meu melhor amigo que acabou de passar uma semana na neve a fazer ski (e não sku). Sábado à noite, vou para o Bairro Alto, para Santos, para onde me levarem. Sábado à noite, vou esquecer-me por umas horas do desgosto que há semanas me anda a consumir aos bocadinhos e vou estar com o meu núcleo duro, com aqueles que já vêm dos tempos do secundário (dois deles vêm mesmo dos tempos da pré-primária), aqueles que ainda são quem me faz sentir melhor.
Sábado à noite... e ainda hoje é só terça-feira.

Sunday, February 20

Road to the Oscars 2011 - Step #3

Mais dois filmes despachados no que toca aos nomeados para melhor filme. A oito dias da grande noitada e já só me faltam ver cinco dos nomeados.

Black Swan demorou dez anos a sair da cabeça do realizador Darren Aronofsky. Este thriller psicológico que mexe mesmo com quem o vê traz-nos a obsessão pela perfeição, a exigência e o lado negro da vida de uma bailarina a quem é dado o papel mais importante no bailado O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky.
Essa bailarina é Nina Sayers, brilhantemente interpretada pela Natalie Portman. Ao longo do filme, graças à sua incessante busca pela perfeição e ao grau brutal de exigência do director do espectáculo (Vincent Cassel), é impossível ficarmos indiferentes à espiral de auto-destruição em que a Nina embarca.
Todo o filme tem uma linha de construção muito bem estruturada. Tudo caminha para que no final se dê a apoteose, para que se atinja a tão desejada perfeição. Melhor filme dos nomeados, até agora. Definitivamente. E dêem o Oscar à Natalie Portman, pelo amor de Deus!
Quanto ao The Kids Are All Right, é divertido, tem um bom elenco, a Annette Bening faz um grande papel, o Mark Ruffalo está assim de lhe se fazer umas festinhas de tão querido que é (apesar de passar o filme inteiro a falar como se estivesse drogado). O argumento gira à volta de um casal de lésbicas e dos seus dois filhos, concebidos através de uma doação de esperma que decidem ir descobrir quem é o pai. É um filme engraçado para se ver assim num domingo à tarde mas não achei nada por aí além.
Five down, five to go. E estou curiosíssima para ver o True Grit!

So, it goes like this:

1º Semestre: Tinha sete cadeiras para fazer (seis do 2ºano mais uma em atraso do 1º que tive de repetir por inteiro). Balanço final é que fiz só cinco ou, no máximo, seis cadeiras. Despachei a cadeira que tinha em atraso mas deixei, novamente, uma cadeira que tem Biologia no nome. Mau karma?
Faltam-me saber ainda duas notas, sendo que de uma delas depende se deixo só uma ou duas cadeiras em atraso neste semestre.

2ºSemestre: Tenho oito cadeiras para fazer (seis do 2ºAno mais duas em atraso do 1º.) Uma espero conseguir despachar em época especial (privilégio de quem faz parte do desporto universitário). A outra que está em atraso é a cadeira mais importante do semestre que tem de ser repetida por inteiro. De resto, as cadeiras de 2ºano são basicamente a continuação das cadeiras do 1ºsemestre. O que não é animador, já que gosto só de metade.
O meu horário saiu há dias, uma vez que começo as aulas amanhã (Quatro dias de férias entre os dois semestres... maravilhoso! Estou mais morta que os mortos e já começo as aulas amanhã, fantástico!). As duas cadeiras que tenho em atraso têm o horário das aulas teóricas sobreposto na íntegra com as minhas aulas práticas do 2ºano. Portanto, não posso faltar a umas para assistir às outras. Alguém me explica como é que é suposto eu passar sem ir às aulas teóricas? É que no ano passado praticamente não meti lá os pés e o resultado está à vista. Ah, e já não bastava isto, também me deram cabo das quintas-feiras negras, já que me puseram duas aulas de 4h e meia cada às quintas-feiras. Ora, merdinha.

Ando eu a ouvir a senhora Florence Welch em repeat já há umas semaninhas, a pensar quando é que poderia andar por aí a cantar "The dog days are over" e afinal é só lá para Julho... Este semestre vai ser do demónio. É melhor continuar a ouvir para ver se me motivo. Ao menos que tanto trabalho me sirva para ocupar a cabeça e parar de pensar no que não devo.

"Leave all your love and your longing behind
You can’t carry it with you if you want to survive."
Florence + The Machine - "Dog Days Are Over" - Lungs - 2009

Friday, February 18

Road to the Oscars 2011 - Step #2

A pouco mais de uma semana da grande noite, temos despachadinhos Inception, The King's Speech e Toy Story 3. O primeiro foi visto já em Agosto, no cinema e já escrevi sobre ele aqui. Adorei o filme mas tendo em conta a concorrência, não me parece que ganhe. Talvez nos prémios de Efeitos Especiais e assim; aí sim será a meu ver um forte candidato. E enquanto não vir os restantes filmes, não me pronuncio sobre quais os potenciais vencedores dos prémios mais relevantes, por assim dizer.

The King's Speech é um filme fantástico. O trio de actores principais (Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham-Carter) é de luxo. Deve dar-se lugar de destaque não só para a brilhante interpretação do Colin Firth mas também para a interacção entre ambos os personagens masculinos, que é qualquer coisa assim de muito bom. E aquela cena final...
É merecidamente um dos fortes candidatos deste ano.
A saga, já poderemos chamar-lhe assim?, dos brinquedos do Andy termina com este Toy Story 3, quando ele vai finalmente para a faculdade, uns bons dez anos depois do último filme. O anterior é dos meus filmes de animação preferidos de sempre. Vi-o seguramente para cima de vinte vezes e sempre tive um certo fascínio pelo Buzz LightYear (e tive um professor muito parecido com ele, nos tempos do Secundário). O Toy Story 3 será, com certeza, o melhor filme de animação de 2010 e com todo o mérito. Quase que só por ter o Buzz a falar espanhol e dançar um bolero, já merece.
"Oh yes, the return of the Astro-Nut!"
(Até agora, curiosamente, foi o único filme de animação nomeado na categoria de Melhor Filme, o que puxou mais por mim, pondo-me mesmo a chorar copiosamente no final. Eu cresci nos anos 90, com o Toy Story como marco da minha infância... Faz parte.)

Tuesday, February 15

Eu e o Router, o Router e Eu

Eu sou daquelas pessoas que de computadores, percebe pouquinho. Sei ligar, desligar, ir à internet ver o que quero ou preciso e coisas do género. Instalar alguns programas e coisa e tal. De resto, tecnologias informáticas, tudo o uqe meta coisas mais complicadas tipo configurar qualquer programa ou assim, na. Não nasci para isso. Ao contrário do maninho, que era o nerd cá de casa e sabe sempre arranjar tudo o que mete as asneiras que eu faço no computador.
Ora, depois de na sexta-feira à noite ter havido aqui uma falha de luz no prédio, não voltei a apanhar a wireless no portátil. Eu bem que fui lá ligar e desligar o modem e o router como o meu irmão me ensinou a fazer e nada.
No sábado, nada de wireless ainda e eu já a começar a ficar chateadinha. Liguei para o Apoio ao Cliente e "ah, o problema é no router não podemos fazer nada, desculpe". Liguei para o meu irmão, que estava num casamento no meio do Alentejo e ele diz "pois, tens de fazer o que eu te disse, desligas o modem, desligas o router e depois voltas a ligar um de cada vez." Lá vou eu, toda cheia de boas intenções e já a murmurar é-bom-que-funciones-senão-levas-uma-martelada-que-ficas-sem-funcionar-de-vez (sim, porque era sábado à noite, tinha exame esta segunda e precisava de fazer o download de uns pdf's da cadeira e ele só voltava no dia a seguir. Estas coisas avariam sempre na pior altura).
Não sei se o raio da máquina me ouviu, mas a verdade é que quando o liguei de novo, o router queimou. Trufas, era uma vez uma Internet Wireless que aqui yours truly resolveu estragar. Boa! -.-

Monday, February 14

Valentine's Day.

Nunca celebrei um Dia de S. Valentim. Nunca recebi um cartão, um ramo de flores, uma mensagem ou um e-mail que, neste dia, me dissesse "Gosto de Ti." ou "És Especial." ou "Adoro-te." ou uma dessas demonstrações que tantas vezes menosprezamos por serem corriqueiras mas que nos elevam o ego e a auto-estima e nos fazem sentir felizes por dentro. E por muito que uma pessoa diga que não deve haver dias específicos para estarmos com as pessoas de quem gostamos e as fazermos sentir especiais (como eu já aqui disse neste blog, várias vezes, neste mesmo dia), há que reconhecer que sabe bem. Todos os mimos, ou pelo menos quase todos, que nos possam fazer são bem-vindos, seja em que dia for. O 'problema' está em fazer deste dia uma obrigação e associar-lhe um consumismo desenfreado e muitas das vezes sem significado.

Os dois relacionamentos que já tive, aqueles que realmente significaram algo, duraram cerca de duas semanas e dois meses cada, respectivamente. Ocorreram no Verão, ou seja, nunca aguentei ninguém tempo suficiente até chegar Fevereiro e o dia do Santo Padroeiro dos namoros.
Há umas duas semanas ou coisa que o valha, disse à minha melhor amiga aquilo que inspirou que ela me mandasse esta imagem. Verdade é que o espírito por aqui não anda em grande nível e ao telefone, naquele dia, saíu-me o "vou ser daquelas velhotas que vive num t0 na Damaia, sozinha, e com uma data de gatos". Ela, das poucas pessoas a quem tolero que me "goze", enviou-me esta imagem na sexta-feira. E pese embora continue convencida que é aquilo que me vai acontecer, sorri.
Pese embora não goste nada deste meu lado mais cliché e lamechas, tenho esta idealização de que um dia vou passar um 14 de Fevereiro e ouvir um "Gosto de Ti." um "És Especial." ou um "Adoro-te." dito baixinho, ao ouvido, enquanto depois de jantarmos em casa juntos, ele me vai pegar na mão, pôr a tocar a Delicate do Damien Rice, seguida da Lover, You Should've Come Over e da Hallelujah do Jeff Buckley, da Come Back dos Pearl Jam, da Wonderful Tonight do Eric Clapton, abraçar-me e dançar comigo, mesmo que praticamente não saiamos do mesmo sítio e mais pareçamos um par de marionetas desarticuladas. Na mesa, por entre velas, uma jarra verde com um ramo de sete rosas negras.
Verdade é que não precisa necessariamente de ser um 14 de Fevereiro. Pode ser um 21 de Março, 28 de Abril ou 7 de Maio. Pode ser um dia qualquer, que eu sou lamecho-pindérica e hoje estou particularmente sensível mas não sou esquisitinha.

Sunday, February 13

Mudança de Planos

Por motivos de força maior (isto é, começaram a anunciar o cartaz de ambos), a minha ideia de descer a costa portuguesa de Lisboa a Sagres foi substituída pela vontade enorme de ver pela primeira vez os Foo Fighters, Arcade Fire (será desta?), Portishead e repetir os 30 Seconds to Mars. E aproveitar para dar uma espreitadela aos The Strokes. E como os cartazes ainda estão longe de estarem fechados, quem sabe não haverá mais novidades interessantes proximamente.
Ou seja, neste momento, as poupanças têm a finalidade de comprar os bilhetinhos para estes dois festivais de Verão. Ainda não estou bem a acreditar que tenho de ir para a Praia do Meco, depois da confusão que foi no ano passado, mas pelos Arcade Fire, faço (quase) tudo. Como dizem os meninos canadianos: "People say that your dreams, are the only thing that saves you". E por muito em baixo que eu ande, a capacidade de sonhar ainda não a perdi.

"Life is like a piano... what you get out of it depends on how you play it."

Durante sete anos tive aulas de piano. Comecei para aí aos onze e acabei um pouco antes dos dezoito, antes de entrar para a faculdade. A maior parte do tempo, só tocava mesmo nas aulas porque só para aí aos dezassete é que tive o meu piano. Há praticamente três anos que não toco assim à séria, só umas notas aqui e ali porque o tempo é pouco, as obrigações tiram-me a vontade, sinto-me enferrujada e irrito-me por não conseguir tocar como dantes. Precisava de tempo para me dedicar a 100%.

A música é algo que nos lava a alma de uma forma fantástica. Ouvi-la é óptimo mas quando somos nós a fazê-la é algo completamente diferente, que nos eleva para um estado de nirvana.
Os dedos mexem-se sobre as teclas sem sequer pensarmos naquilo que estamos a fazer. Percorrem oitavas acima, oitavas abaixo, sustenido e bemol, compassos dois por quatro e quatro por quatro. E com aquele dedilhar nervoso e com a concentração focada apenas na partitura que está em frente dos nossos olhos, esquecemo-nos de tudo o resto. Desligamos do resto do mundo, passa tudo a ruído de fundo e só aquelas notas é que importam. A perfeição é fundamental, não podemos substituir um Mi por um Sol ou por um Lá ou o que seja.
Não sou daquelas pessoas que ouve uma música e que consegue tocá-la assim, instantaneamente. Comigo, sempre teve de ser com muito trabalho. Prática, prática, prática. Repetição, repetição, repetição. A memória é óptima por isso posso passar meses sem tocar que basta sentar-me ao piano e as notas fluem naturalmente. Ao fim de duas ou três repetições, é como se nunca tivesse parado. Mas até atingir esse nível, é sempre trabalho, trabalho, trabalho. Como tudo o resto.
(Se eu pudesse, mandava todo o trabalho que tenho para estudar para o exame de amanhã dar ali uma voltinha e investia no trabalho de me sentar ao piano e pegar nas minhas velhas partituras.)

Thursday, February 10

Cyanide & Happiness

E agora, para desanuviar da seriedade que tem pairado por aqui, um pouco de riso. Pode ser parvoíce gratuita, mas eu gosto.
Retomaremos a emissão dentro de momentos. Obrigado!

Tuesday, February 8

Nunca na vida fui lambe-botas. Não faz parte do meu feitio. Até poderia ter sido, nalgumas situações que já se passaram na minha vida; podia ter passado a mãozinha pelo pêlo a pessoas que não gosto nem um bocadinho para daí retirar benefícios mas nunca o fiz. Nem com professores nem no sítio onde (ao todo) já trabalhei durante uns bons dois anos. E muito menos com amigos ou pessoas próximas.
Eu tenho alguns objectivos a curto, médio e longo prazo e quero atingi-los não por andar aí a engraxar os sapatos a quem se possa cruzar no meu caminho mas sim com o meu trabalho, com a minha personalidade e com outras coisas que se revelem importantes para a realização de tais objectivos. (Isto pode parecer conversa de chacha mas não só é totalmente verdade e não é dito só para fazer número como este post também há-de ter uma finalidade... algures.)
No último ano do Secundário, estive numa turma que era hiper-competitiva. Era a turma de Biologia, que tinha a malta toda que ambicionava ir para Medicina ou seja ter notas altas era fundamental. Para eles. Eu como nunca na vida quis Medicina, pouco me importava com comparações e o X teve mais três décimas que o Y e que eu e pequenas quezílias do mesmo género. Só me metia no meio, porque tenho esta característica irritante que é ter o coração ao pé da boca e dizer praticamente tudo o que penso e sinto, nomeadamente quando toca a injustiças, quando realmente achava que a competição me começava a prejudicar e aí, meus amigos, tenhamos lá calminha que eu não lixo a vida académica a ninguém, também não tolero cá que me venham lixar a minha!
Chegada à faculdade, cedo me apercebi que devia começar a abrir os olhos porque pouca gente dá ponto sem nó. Pelo menos, aqui neste curso, que é muito recente e que vai ter um grande número de licenciados a sair no mesmo ano (o meu, que se tudo correr bem será daqui a cerca de um ano e meio). Então, a malta começa toda a esgatanhar-se e quase a chegar à violência (e olhem que bem que apetece assentar um par de estalos às vezes) para ser o melhor, ter as melhores notas e f**** a vida dos outros, coisa que no meu entender é completamente absurda e ridícula e só revela uma falta de carácter imensurável. E bem, digamos que se é para ser f****a, ao menos que mo façam bem.
Quando a professora de uma das minhas cadeiras do semestre passado ('aí, lá vai ela falar nisto outra vez, que paranóia, credo rapariga!') decidiu chumbar oito pessoas de uma turma de vinte na avaliação prática porque essas oito formavam dois grupos de trabalho que eram aqueles que iam menos às aulas, não toleravam certas humilhações que ela os queria fazer passar e, pura e simplesmente, não lhe sorriam nem acenavam com a cabeça a tudo o que ela dizia como se fosse algo dogmático, houve quem lhe passasse a mão pelo pêlo, dizendo a quem quisesse ouvir que com certeza, o seu método de avaliação era justíssimo. E isso meteu-me nojo! Mesmo. N-o-j-o. E eu não sou pessoa de me enojar facilmente. Mas senti-me a ser mal f*****. E não gostei.
E vai daí que como tenho o coração ao pé da boca, cheguei uns dias depois a uma reunião de ano e com uma classe que não me é característica (não é falsa modéstia, mas normalmente quando me irrito foge-me também a língua para a asneira) mandei um grande pontapé na boca de quem me quis f**** e não o soube fazer decentemente, ou pelo menos, de forma a que eu não desse por isso. Nesse dia, a carapuça enfiou-se tão bem na cabecinha de alguns que até deu gosto e a partir daí foi sempre tudo simpatias e sorrisos, que o cinismo abunda ali pelos lados da minha faculdade.
Vão lá engraxar os sapatinhos a quem vos apetecer, passar a mãozinha pelo pêlo dos professores que quiserem, mas não me metam no meio. Nem me tentem lixar a vida dentro do curso porque eu também não faço isso a ninguém. E se me quiserem mesmo f****, aprendam a fazê-lo bem, que quando o fazem mal fico assim com uma sensação incómoda no estômago que só passa quando puder mandar-vos um baláziozinho no meio dos olhos, sim? Obrigado.

Monday, February 7

Sabes que a época de Exames está a fazer estragos quando

... te esqueces de responder a mensagens do género "Vens à faculdade amanhã?" sendo que só te lembras delas quando já é efectivamente o tal amanhã.
... andas três-quinze dias para encontrar a sebenta da cadeira que tens de estudar a seguir e depois descobres que afinal parece que o raio da sebenta teve na secretária todo esse tempo, mesmo à frente da tua trombinha.
... não sabes a que dias andas e só quando perguntas "Que dia é hoje?" e a tua mãe responde "7 de Fevereiro" é que te lembras que tens propinas para pagar.
... combinas com três dias de antecedência que na segunda-feira de manhã, ou seja hoje, vais ter com o teu pai ao escritório para depois almoçares com ele e só te lembras disso quando, no próprio dia, te sentas em casa com a tua mãe para almoçar. "Eh pá, oh mãe, espera aí que eu tinha combinado qualquer coisa hoje para a hora do almoço mas não me lembro o que é."

Precisa-se de férias urgentemente, que o Tico e o Teco estão esgotados. E ainda me faltam três exames.

Humans and Islands

Já há alguns anos, vi um filme chamado About a Boy. Pouco me lembro sobre a história e praticamente a única memória que tenho é do Will (personagem desempenhada pelo Hugh Grant) repetir a frase "Men are all islands." ao longo do filme, ainda que em diferentes contextos. Lembrei-me disto porque uma amiga há dias dizia-me que ninguém é uma ilha, nenhum Homem (no sentido de ser humano, não especificamente de género) consegue viver sozinho.
Os seres humanos são seres sociais. A sua integração na sociedade é fundamental para o seu desenvolvimento e bem-estar. Por muito que possamos sentir-nos bem sozinhos, precisamos de interagir socialmente. Por muito anti-sociais que nos consideremos, não conseguiremos sobreviver como seres totalmente associais porque não é assim que funciona a natureza humana.
A XVII Meditação de John Donne, escrita em 1624, é a origem desta mesma citação e diz o seguinte:

"No man is an Iland, intire of it selfe; every man is a peece of the Continent, a part of the maine; if a Clod bee washed away by the Sea, Europe is the lesse, as well as if a Promontorie were, as well as if a Mannor of thy friends or of thine owne were; any mans death diminishes me, because I am involved in Mankinde; And therefore never send to know for whom the bell tolls; It tolls for thee."

Há algum tempo, houve uma altura em que me convenci a mim própria que conseguia ser uma ilha. Que não precisava de ninguém, que as interacções sociais eram completamente desnecessárias e prescindíveis. Julguei conseguir sobreviver no meu mundinho hermeticamente isolado, na minha bolha. E queimei-me à grande porque tal é completamente impossível. Julgarmo-nos capazes de agir e viver como ilhas suga-nos a felicidade aos poucos, devagarinho.
Hoje sei que não sou uma ilha, mas sim parte de um continente. Não faço parte de uma América ou de uma Ásia; talvez o meu continente se assemelhe mais a uma Oceânia. O meu continente é dos mais pequenos e menos populados do Mundo, porque são essas poucas interacções e esses pequenos pedaços de terra que me ligam a outras pessoas, outras ilhas, que me fazem feliz. Houve meia dúzia de outras pessoas, outras ilhas, que por correntes marinhas controladas por uma força que me transcende, foram arrastadas suavemente até mim, até colidirmos e nos fundirmos, formando a minha Oceânia. E assim me apercebi que realmente estas colisões, estas interacções são fundamentais à existência.
Podemos precisar de momentos sozinhos, de momentos em que nos deixem ser apenas ilhas à deriva num enorme oceano, para tornar possível uma nova colisão com uma outra ilha, para que o nosso continente vá crescendo aos poucos. Para assegurar a nossa sobrevivência enquanto ser humano e nos manter afastados do estado irreversível que é quando deixamos de ser humanos e passamos a meros seres robóticos. Mas não passarão disso mesmo: pequenos momentos.

Saturday, February 5

"Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."
Álvaro de Campos - Agosto de 1913

Friday, February 4

O maior 31

O jogo estava já perto do fim, estávamos a perder 2-3 e quase todo o estádio, incentivado pelas claques, gritava contra a equipa, pedia a demissão do treinador (vá, neste ponto, eu até concordo com eles) e outros impropérios semelhantes. Com a persistência característica, que pautou as sete épocas em que envergaste a camisola do meu clube, marcaste o golo do empate e com pontapé que deste na bola que a conduziu para dentro da baliza do Damas, deste também um grande, enorme pontapé na boca de todos aqueles so called adeptos que vão ao estádio apenas para mandar abaixo a equipa e nunca para apoiar.
Obrigada pelos dois golos de hoje e por todos aqueles que marcaste ao longo destes sete anos e meio. Obrigada por todas as vezes que deixaste o Luisão à procura dos rins no relvado, que trocaste os olhos ao Bruno Alves e a todos os outros com que te cruzaste. Obrigada por nunca teres deitado a toalha ao chão e teres puxado sempre pela equipa quando já não existia mais ninguém a fazê-lo.
Obrigada por todo o Esforço, pela Devoção, pela Dedicação e por teres sempre buscado a Glória. Até já, grande Liedson.

Piada do ano: Paulo Sérgio, quando questionado após o jogo desta noite contra a Naval 1º de Maio sobre as repercussões da saída de Liedson, diz: "Vamos trabalhar para que Saleiro e Djaló ocupem o lugar."
Eu até me ria, se o homem não tivesse mesmo dito isto. Oh minha besta, nem que juntasses os dois e elevasses o (escasso) potencial de cada um ao cubo, eles alguma vez seriam capazes de ocupar o lugar do Levezinho. Ganha juízo, pá!!!