Há sempre uma certa parte de nós que tem tendência a
complicar aquilo que pode ser simples. Quando complicamos só forçamos a que o
balanço da situação, qualquer que ela seja, seja negativo para o nosso lado e
saiamos magoados.
Eu já estive em algumas situações complicadas que valiam
para umas duas vidas (não é presunção, é realidade... se fosse presunção seria
simplesmente estúpido) e sinceramente, coisas complicadas neste momento é algo
que me causa uma certa alergia e do qual eu só quero fugir a sete pés.
Gostar de alguém já é, em si, algo que tem o seu quê de
complicado, todos o sabemos. E quando já tivemos a nossa quota parte de
desilusões e situações em que saímos mal, encolhemo-nos, fugimos, tentamos
evitar a todo o custo que nos apanhem nessa teia de novo porque tudo o que já
passámos nos demonstra que o mais provável é que o peso do mundo nos vá cair
todo em cima, eventualmente. E a perspectiva de passarmos por toda essa mágoa
de novo faz com que os bons momentos pareçam não a compensar. E aí, fugimos.
A mim, durante imenso tempo, a vontade de fugir era coisa
que não me largava embora simultaneamente houvesse uma força qualquer que
actuava como se fosse um íman e que me puxava para perto. E andei nisto durante
uns bons meses, enquanto muitos amigos meus diziam não me perceber, não
perceber como era possível eu aguentar um impasse daqueles durante tanto tempo.
Quando, finalmente e forçadamente, se desfez esse impasse,
vai já para três semanas, entrei em pânico porque, e é aqui que aparece esta
nossa mania de ligar sempre o complicómetro, achei que seria impossível manter
a óptima relação que existia antes. Porque quando gostamos de alguém, seja com
que intensidade for, e quando isso se torna público, a simplicidade desaparece,
o conforto deixa de existir e a cumplicidade ganha com meses e meses a
construir uma relação de amizade perde-se num abrir e fechar de olhos. This was
what I already knew.
O que eu aprendi, e que se calhar já me devia ter apercebido
há mais tempo, é que quando aquilo que sentimos é genuíno e que quando nos
relacionamos com pessoas que realmente nos merecem (e aqui não falo só daquele “merecer”
no sentido que se fala sempre quando as relações acabam, mas sim no “merecer”
que tem a ver com merecerem o nosso carinho, a nossa atenção e tudo aquilo que
temos de melhor para dar), não há porque complicar.
A vida é curta. É aquele chavão que toda a gente utiliza (e
eu odeio clichés) mas é bem verdade. E eu estou finalmente a aproveitar a
liberdade que a minha idade me dá, sem me preocupar com meros pormenores que me
poderiam impedir (e já me impediram antes). Estou a seguir aquilo que o meu
coração queria com a maior simplicidade possível, que farta de complicações já
estou eu, pelo menos para os próximos tempos. E assim, smoothly, vou vivendo, a
sorrir, a fotografar, a cantar a plenos pulmões quando me apanho sozinha em casa, a rir-me
com os meus amigos, a abraçar e beijar quem quero and not giving a f*ck about
the rest.
Estou a acabar o meu curso e a aproveitar o melhor que posso
cada segundo deste último ano na faculdade. E estou feliz. That’s the bottom
line.
"Há qualquer coisa de leve na tua mão,
Qualquer coisa que aquece o coração
Há qualquer coisa quente quando estás,
Qualquer coisa que prende e nos desfaz."
Tiago Bettencourt & Mantha - "Canção Simples" - O Jardim - 2007